Smartphones - Galaxy S5
REVIEW GALAXY S5
Depois de muito tempo com o aparelho top da Samsung, a conclusão é: o Galaxy S5 é bom em tudo, mas não é excelente em nada. E isso é ótimo! Entenda
Afinal, é uma revolução ou evolução? O review do Samsung Galaxy S5, top de linha da gigante coreana, nos leva a crer que o aparelho lançado em abril de 2014 é uma versão turbinada de seu antecessor. Afinal, após algumas semanas de testes exaustivos, literalmente sob sol, chuva, frio e muita poeira, nós temos uma conclusão. E ela é bem animadora. Confira.

Desempenho
Para começo de conversa, um pouco sobre o hardware do aparelho (e seu sistema operacional). Trata-se de um quad-core Qualcomm Snapdragon 801, rodando a 2,5 GHz, uma GPU Adreno 330, com 2 GB de memória RAM e 16 GB de armazenamento (expansível via slot micros). Possui Bluetooth 4.0, Wi-Fi, NFC, USB 3.0, 4G no que diz respeito à conectividade. Sua tela é a Super Amoled de 5,1 polegadas, com resolução máxima 1920 x 1080 pixels e densidade de 432 pixels por polegada. Pesa 145 g, tem 0,81 cm de espessura e 7,25 cm x 14,2 cm (largura x altura). Câmera frontal de 2 megapixels e traseira de 16 megapixels, tudo isso alimentado por uma bateria de 2.800 mAh e rodando Android 4.4.2.

E, se parece muito, o aparelho ainda traz uma dezena de sensores: luz, proximidade, gestos, giroscópio, batimentos cardíacos, barômetro, acelerômetro, geomagnético, hall e biométrico. E aí você se pergunta: vou precisar disso tudo? Sinceramente, não. E ainda mais: você provavelmente não vai usar metade da capacidade do aparelho (em termos de hardware e software). Mas eles estão lá, fazendo do Galaxy S5 o aparelho a ser seguido.

No que importa, processador, câmera e resistência a elementos (poeira e água). O S5 traz o Qualcomm Snapdragon 801 quad-core de 2,5 GHz, enquanto o S4 conta com Snapdragon 600 quad-core de 1,9 GHz. O primeiro, além de significativamente mais veloz, ainda é muito mais econômico. E a câmera, que além de fazer vídeos 4K e HDR, traz o recurso ISOCELL, que melhora (muito) a nitidez das imagens, sobretudo em pouca luz.

Nos testes de "benchmarks", que avaliam o desempenho dos aparelhos através de testes selecionados, um pouco de frustração. Enquanto no dia a dia o aparelho parece ser poderoso, aplicativos como o An Tu Tu e o 3D Mark mostram que ele é ótimo, mas não é top 5. No primeiro, por exemplo, ele fica bem atrás do principal rival, o LG G2, e a uma boa distância do irmão maior, o Galaxy Note 3.

Ainda assim, de acordo com o AnTuTu, o aparelho consegue marcas impressionantes. Ganha um "ótimo", uma pontuação e um "elogio" do programa, confirmando o desempenho acima do satisfatório do Qualcomm Snapdragon 801, somado ao Adreno 330. Refizemos o teste algumas vezes, mas de fato foi curioso o S5 ficar (tão) atrás do LG G2

Já no 3D, que avalia essencialmente o conjunto CPU + GPU + tela, o S5 se saiu melhor, empurrando todos os rivais para baixo e ficando atrás apenas do próprio S5 octa-core e do Xperia Z2. Apesar de rodar o teste praticamente "limpo", sem nenhum outro aplicativo ativo, o 3D Mark diz que ele ainda está abaixo da expectativa. Um pequeno mistério para o teste...
O S5 ainda é ligeiramente mais estiloso que o S4 (claro que isso é discutível...), com pequenas alterações no design. As bordas mais altas, a tampa traseira com cara de band-aid e o formato mais “quadradão”, além de darem mais estabilidade e segurança (a tela fica menos vulnerável e o celular menos escorregadio), dão um ar imponente ao Galaxy S5.

Ainda sobre o design, o Galaxy S5 ficou com uma cara de irmão mais novo do Galaxy Note 3. O que é uma boa coisa. O botão principal agora, além de ser o “Home”, é o leitor biométrico, responsável por desbloquear o aparelho via impressões digitais de seu dono. Aliás, sobre o sensor, uma polêmica: em parte dos testes, com uma pessoa, ele funcionou perfeitamente, abrindo o celular em 9/10 vezes. Já em outro período, já com outro "testador", problemas: o mesmo desbloqueava o aparelho em metade das vezes. Enquanto no iPhone basta encostar o dedo, no S5 é preciso deslizar, e isso pode causar dificuldades. Para maior precisão, cadastrar corretamente a digital, o movimento e o ângulo é imprescindível.

A entrada do fone de ouvido mudou de lado – da esquerda para a direita –, e a porta USB ganhou uma incômoda, mas necessária, tampa. A tela ganhou 0,1 polegada e a traseira enrugada realmente “gruda” o aparelho na mão. Abrir a tampa traseira é sempre tenso, mas ela resiste – e provavelmente vai resistir por muitos anos – sem estalar.

Agora, ele é de plástico? É. Mas de modo algum isso é um demérito. Talvez o fato de a Samsung insistir nisso, em detrimento de materiais mais nobres (como o alumínio), se dê por conta da maleabilidade do composto. Em uma queda, um case de alumínio transfere muito mais energia para a tela e para os componentes internos, aumentando o risco de quebra. Já o plástico absorve o impacto. Vide os rivais, todos amassados e com telas trincadas após alguns cataplofs, enquanto o S5 segue como novo. É preciso acabar, de vez, com a bobagem de “plástico = vagabundo”.
Câmera
A principal mudança do Samsung Galaxy S5 em relação ao S4 é a câmera. Se antes havia um problema crônico com saturação, tendência ao azul e, sobretudo uma péssima qualidade de vídeo, isso parece estar perto do fim. As fotos se mostram bastante equilibradas, os modos automáticos são realmente inteligentes e os vídeos, com o sistema de estabilização, captura em 4K, HDR, e hardware mais potente, ficam realmente muito bons.

A culpa? Possivelmente da tecnologia ISOCELL, adotada pela Samsung, que, em linhas gerais, permite que os sensores apresentem uma capacidade muito maior de absorver luz e bloquear interferência entre os pixels. O resultado? Fotos melhores em condições piores de luz.

Em comparação com o "rei" das fotos em celulares, o Nokia Lumia 1020, o Samsung encosta, nas condições ideais, e ainda derrapa quando o assunto é pouca luz. Nas fotos, é possível perceber um nível de detalhamento desequilibrado no S5, uma tendência a subexposição das imagens e o crônico problema de "achatamento", quando tudo parece reduzido a um plano. Para o uso cotidiano, porém, o top da Samsung atende às expectativas. Já se a intenção é algo mais elaborado, é melhor partir para um "cameraphone".


Já nos vídeos, sobretudo com o modo de captura HDR e a estabilização, a diferença é monstruosa. Outros, como Sony e HTC, já tentaram filmar com HDR, mas o resultado foi sofrível. O S5 mostra seu equilíbrio e, de quebra, ainda faz vídeo 4K a 30fps (que ninguém vai usar, por conta dos tamanhos enormes dos arquivos e ausência de TV para ver isso...), Full-HD a 60 fps e HD em supercâmera lenta (120 a 240 fps). A grande decepção ainda fica por conta da estabilização de imagens, conforme pode ser avaliado no vídeo ao lado. Ele treme, e treme bem. Em comparação com os Lumias (1020, 920 e 925), que parecem estar presos a uma grua, o Galaxy S5 ainda está alguns passos atrás. Muito embora o recurso o coloque significativamente à frente de seus concorrentes diretos.
Bateria
A autonomia do Galaxy S5 no entanto, segue a mesma do irmão mais velho, S4. A bateria de 2.800 mAh não permite grandes extravagâncias. Como sempre, um dia de trabalho é suficiente para que o aparelho emita o alerta de bateria fraca. A potência é maior que a do S4 (2.600 mAh), mas isso é pouco para a diferença de hardware, para a tela poderosa e, sobretudo, para a câmera.

Na carga, a porta USB 3.0 (com aquele conector duplo, maiorzinho), faz a diferença. O ganho de tempo, entre o início da carga de uma bateria zerada e os 100% chega a ser de 30%. Ou seja, se antes você levava 45 minutos, agora tem uma enorme chance de esperar apenas meia hora para volta à ativa. Mas o aparelho também oferece a carga com os plugues USB tradicionais. E aí, não há diferença.
Interface
Aqui a coisa fica tensa. O TouchWiz, ‘cara’ do Android modificado pela Samsung, sempre foi um problema. Alvo de muitas críticas, por parte de todos os usuários, leigos ou avançados, a interface ficou mais suave. Por vezes, é imperceptível. Acabou a frescura dos ícones 3D, das fontes ‘cara de Samsung’, há menos ícones, widgets e coisas que a fabricante coreana tenta nos enfiar goela abaixo. Os atalhos estão agrupados, e tudo está muito mais fácil de achar – com destaque para a barra de busca, que também ajuda, já que estamos falando de dezenas de controles, e centenas de serviços.

Ao que parece, o TouchWiz se tornou um "Android para mortais". Ainda não é uma versão pura do sistema operacional mais popular do mundo dos smartphones, mas já é uma experiência que qualquer um pode ter. Se antes era preciso um PhD no MIT para operar um Galaxy, agora basta pensar ‘o que eu quero fazer?’ e seguir sua intuição. Mas ainda espera-se uma faxina mais profunda por parte da Samsung.

Áudio
Bom, isso não é – ou ao menos não deveria ser – um motivo para se comprar ou não um smartphone. Mas os falantes do S5 fazem bonito. Dá para botar uma musiquinha, ouvir uma chamada de voz, sem se irritar com aquela distorção que deixa tudo com barulho de papel celofane sendo amassado. Mas isso não indica qualidade.
Já os fones de ouvido que vêm com o aparelho são os tradicionais Samsung. Bem equilibrado, confortável, aparentemente resistente e discreto. O acessório original está acima da média, mas abaixo de produtos das marcas-padrão, como Seinheiser, Audio Technica e afins.
Conclusão
O Samsung Galaxy S5 é, sem dúvida, um dos aparelhos mais equilibrados que já passaram pelo TechTudo. Talvez não seja o melhor do mundo, mas certamente é, junto com o iPhone 5S, o mais versátil, aquele que é bom em tudo. Por mais que se tente, achar algo médio no produto da Samsung é tarefa que exige muita má vontade.
Se você procura um aparelho Android top, que vá suprir rigorosamente todas as suas necessidades, com confiabilidade, resistência e qualidade (e não se preocupa com preço...), o S5 é o cara. Há outras opções? Sim, como os Sony Xperia Z1 e Z2, LG G2 e Moto X e G (e aparelhos que não são vendidos no Brasil não são opção). Se você gosta de fotos, os Lumia 1020 e 1520 são as melhores opções, a despeito do Windows Phone. Já se você é Apple, óbvio, o iPhone 5S é seu alvo.
No entanto, o Galaxy S5 ainda é o melhor custo-benefício. Toda a frustração em relação ao aparelho se deve ao fato de que ele inovou pouco. Mas, enfim, ele melhorou pontos fracos do S4, e isso não é pouca coisa. Se não é excelente em nada, o S5 é muito bom em tudo. E isso basta.
